1980
Quando tudo começou?
Tralhando no PROEM Programa de Educação do Menor no Parque da Cidade, conheci Valdivino aluno que sofria com atos covardes nas ruas, devido a uma deformidade imensa na coluna e membros inferiores, engraxate menor de rua. Sensibilizada com a situação, encaminhei para o Hospital Sarah Kubtcheck. Lá fizeram uma cirurgia grande envolvendo coluna e bacia.
Morava em uma casa de madeira com dois cômodos, na época junto com mãe e irmãos.
Para que tivesse uma melhor recuperação trouxe para minha casa até a retirada dos pontos.
Há exatamente 43 anos começou minha peregrinação junto ao portador de deficiência.
1981 nasceu minha filha Jacqueline bebe lindo pesando 3 kl, com 3 meses de vida começaram as crises convulsivas, chegando a 56 diárias diagnosticada com Anincefalia não formou a parte superior do cérebro, e com previsão de 3 anos de vida.
Diante do desespero fui para os livros atrás de conhecimento para ajudar minha filha. Buscava conversar com outras mães que tinham problema similar. Mas, pense primeira filha, tinha 21 anos, força e fé.
Ela tinha um pouco de cada deficiência, visão comprometida, não tinha movimento de braços e pernas coordenados, não falava, tinha espaticidades pernas e mãos, intestino preso e por fim uma coisa boa, tinha o paladar apurado ao ponto de distinguir mamão papaia, do outro mamão. Adorava leite moça mas, quem não gosta né!
Em 1985 nasceu Juliane minha segunda filha, mãe do Ignacio.
Enfim, em 1986, um colega de trabalho Jonas me apresentou ao Dr. Nelson Seixas, médico Deputado Federal, presidente da Federação Nacional das Apaes, tinha dois filhos com deficiência mental. Ele soube da minha filha me requisitou para trabalhar na Câmara Federal e fazer parte da Federação. Empolgada fui. Lá pude ter uma visão macro de todas as deficiências. Trabalhamos inclusive junto ao Governador José Aparecido para liberação do Passe Livre do portador de deficiência.
Em seguida Dr. Nelson em 1988, me indicou para trabalhar na CORDE Nacional, com Maria de Lourdes Canziani, a maior especialista em Paralisia Cerebral conhecida Nacionalmente, que sempre me dizia Candida voce tem que escrever um livro você não pode ter só para ti toda essa experiência, A CORDE era ligada a Ministra Margarida Procópio, lá pude ter uma visão macro a nível nacional, junto com órgão estaduais da situação do Portador de Deficiência a Nivel de Brasil. Foram dois anos de muito trabalho, e muito conhecimento também. Trabalhamos inclusive, junto ao Governador José Aparecido para liberação do Passe Livre do portador de deficiência.
Em 1989 nasceu Julia minha terceira filha mãe do Bernardo.
Finalmente de 1991 a 2.000, fui para Câmara Distrital trabalhar com Deputado Benicio Tavares, Paraplégico, participei da Lei Orgânica do Distrito Federal, auxiliei em Projetos de Lei em beneficio das mães de deficientes, de autoria do mesmo, foram 10 anos envolvida em trabalhos sociais, orientando mães que tinham direito a aposentadoria LOAS/ INSS foi uma média de 4.000 crianças de baixa renda.
Em 2001, fui para Câmara Federal, continuei envolvida com movimentos em nível de Brasília, acompanhando todas as audiências públicas que eram realizadas.
Em 2002 Jacqueline com 22 anos faleceu depois de 19 pneumonias com internações em UTI. Menina que tinha previsão de 3 anos de vida. Milagre? Não, trato, dedicação, persistência, fé e força.
Em 2016 ganhei meu primeiro neto Bernardo.
Em 2018 ganhei meu segundo neto Ignácio, hoje com 5 anos portador de autismo, lindo, maravilhoso luz do meu caminho. Com a chegada do Ignácio me entusiasmei, já aposentada a criar esse portal para poder dividir com vcs toda minha experiência de vida. Tenho a certeza que nos temos excelentes especialistas incluindo o Hospital Sarah Kubtichek, na nossa cidade, hoje presidido pela competentíssima Lucinha.
Mas foi muito difícil achar um colo amigo, uma mãe disposta a me ouvir, trocar conhecimentos, vivências, até mesmo dividir os sofrimentos do dia a dia que não são poucos. Só quem vive tem consciência do que estou falando.
Em 2018 conheci José Roberto meu marido companheiro, incentivador com um coração tão grande que cabe toda família dentro.
HOJE QUANDO REVEJO MEU PASSADO E MEU TRABALHO, JUNTO AO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA COM A CHEGADA DO IGNACIO, CONCLUO: DEUS ME CONFIOU ESSA MISSÃO DE CONTINUAR AJUDANDO.
Me coloco a disposição de todas aquelas pessoas que estiverem dispostas a dividir comigo suas experiências do dia a dia.
Hoje na era da comunicação, as chamadas de vídeo, os chats, o Instagran, o Zap nos coloca bem próximos.
Somos mães exemplares, iluminadas, responsáveis por anjos no nosso convívio sem pecado.
Beijo
Cândida Abelha